O Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) vem a público manifestar seu profundo repúdio, mas nenhuma surpresa, diante dos fatos revelados pela Operação Metástase, deflagrada pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Ministério Público do Estado (MPAM).
Se a primeira fase da investigação apontou esquemas de corrupção, a segunda, nomeada Metástase, comprova o que o Simeam denuncia há anos desde o primeiro governo Wilson Lima: a saúde do Amazonas está completamente contaminada. Não se trata mais de um foco de desvio, mas de uma doença sistêmica que se espalhou por todas as unidades – de maternidades a prontos-socorros, SPAs e UPAs – através de esquemas de licitações fraudulentas, superfaturamentos e propinas.
Cada mandado de busca e apreensão, cada prisão preventiva e cada real sequestrado do patrimônio de agentes públicos e empresários envolvidos é um atestado de dor, sofrimento e morte impostos à população. Os bilhões desviados deveriam estar salvando vidas, comprando insumos ou garantindo o mínimo de dignidade no atendimento, mas foram drenados pela ganância.
Há anos, o Simeam tem estado na linha de frente, denunciando a podridão administrativa e a má gestão que tornaram o sistema de saúde uma ferida aberta, sangrante e pestilenta. Felizmente a mobilização ainda que tardia dos órgãos competentes, começa a trazer resultados que possam reverter a doença em grau avançado da saúde do Amazonas. A corrupção enraizada compromete desde a compra de uma agulha até a manutenção de um complexo hospitalar.
E o que é ainda mais alarmante é o planejamento em curso deste governo: a entrega total das unidades públicas para a gestão de Organizações Sociais (OSs) que promovem a terceirização, quarteirização e até quinteirização do sistema de saúde. Se o sistema atual, gerido pelo Estado, já está comprovadamente infestado por esquemas e desvios, a terceirização em massa representa o cenário ideal para o aprofundamento da corrupção, mascarando responsabilidades e facilitando a continuidade dos desmandos com recursos públicos, isso a própria AGU declarou em uma audiência pública onde o Simeam teve participação alertando, que teria dificuldades de fazer o rastreio das verbas públicas utilizadas pelas OSs. A Metástase, sob a gestão das OSs, terá uma via expressa para piorar.
Diante do colapso ético e administrativo, da omissão reiterada em resolver a crise, e da constatação oficial do estado terminal em que se encontra a gestão da saúde, o Simeam não vê outra alternativa para proteger a população do Amazonas e os profissionais de saúde: Continuamos a pedir a imediata e urgente Intervenção Federal na Saúde do Estado do Amazonas!
Somente uma força externa, isenta e com poder de comando imediato, poderá realizar a “cirurgia” necessária para extirpar a doença corrupção e limpar o sistema, responsabilizar os envolvidos e garantir que os recursos federais e estaduais sejam, de fato, destinados ao cuidado com a vida. A saúde não pode esperar.
